Pequena Crônica de Sentimentos
Tristeza e Solidão, não são boas companhias. Suas presenças fazem-me sentir triste e solitário.
Mas, o que posso eu fazer se depois que o amor se foi, as duas invadiram e se apossaram da casa, que já nem sei se ainda é a minha casa.
- Toc, toc, toc, .... – Ouço bater na janela.
Aproximo-me preocupado, e desconfiado, pergunto:
- Quem está batendo?
- Sou eu, Amor, abra a janela!
Incrédulo e tremulo, colo o ouvido na janela e murmuro:
- Amor!? Você voltou?
- Sim, estou aqui na janela porque Mágoa esta na porta pra impedir que eu entre e também a você de sair. Por favor, abra a janela pra que eu possa entrar!
Medo, o outro companheiro de quem eu não falei porque já o considerava ausente. Mas, também, pudera sempre escondidinho! Mas, agora se fez presente, e hesitante respondo:
- Não, eu não posso. Essa casa está velha e desarrumada, e seus moradores não querem receber visitas que possam considerar inoportunas.
O Amor insiste:
- Sendo assim, essa casa não é boa pra você morar. Saia e vamos embora comigo. Porém, essa é uma decisão unicamente sua. Posso convidá-lo a me seguir, mas, não poderei levá-lo se você não me permitir.
Penso no Medo, em Tristeza, em Solidão; e também em Mágoa, sempre ali na porta estirada como uma poça de uma má água que corre no peito feito um rio sem leito e não deságua.
E, sentindo uma enorme pena desses sentimentos que há muito me acompanham, tomo a decisão:
- Medo, Tristeza e Solidão, estou indo embora. Fiquem com a casa, fiquem com tudo. Criei asas pra sobrevoar o mundo. Mágoa, por favor, não me impeça de sair e seguir o meu amor.
Maurício Carvalho Marques, em "Barco de Ilusões"
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